4.12.06

Herói Nacional - figura rara

Esse é uma das matérias mais interessantes do ON. Não exatamente pelo conteúdo, que conta a versão das cartilhas escolares da história da inconfidência mineira, mas pela discussão que se fez em cima do meu comentário inicial, onde levantei algumas questões filosóficas a respeito do que é um herói e aproveitei para contestar essa lorota que a gente aprende na escola sobre Tiradentes.

Daria para escrever uma tese sobre o poder da escrita. As pessoas esquecem que estão na internet, que é o maior repositório de asneiras do planeta, esquecem que o site se chama "opinião e notícia" e que o campo em branco que está lá depois da matéria é justamente para você se expressar e ler o que os outros pensam a respeito do mesmo tema. Pois! Gente que leva muito a sério o que eu escrevo me envia respostas indignadas que não percebem a moral da história que eu queria passar.

23.11.06

Enfim alguém com boas idéias


Acordem, estamos entrando em um novo mundo digital, essas gravadoras vão ser dizimadas pela internet!!! Graças a Deus, deveria ser proibido vender cultura nessa porra de mundo!!! ( Robson, 20/11/2006 - 13:06:17)
Ainda sobre esse assunto maçante que volta e meia reaparece no Opinião e Notícia: a pirataria "virtual". É sempre assim: o jornal publica uma matéria qualquer, como essa, que a Universal está processando a MySpace por "incentivar" a distribuição ilegal de músicas. Sempre aparecem uns sem-noção que dão opiniões genéricas, reacionárias e conservadoras e que ficam chamando de "jovens" ou "adolescentes" quem se manifesta contra a ordem instituída. Como se o julgamento de um jovem valesse menos que o de uma pessoa mais velha.
Mas dessa vez apareceu um leitor antecipando um conceito que eu ando ruminando, mas ainda com idéias difusas e não concatenadas.
O Robson tocou num ponto-chave. Muito além desse papo mesquinho de pirataria, ele sugere que cultura não deveria ser vendida. Nas condições atuais é maluquice pensar em algo assim, mas depois de cinco minutos pensando a respeito do tema, conjecturando como seria um mundo utópico dentro desse conceito, cheguei a algumas conclusões interessantes que me levam a crer que um mundo assim seria bem mais saudável:
  • Se cultura não será vendida, não fará muito sentido atribuir valores monetários aos quadros, músicas, CDs, e quaisquer outras expressões artísticas, principalmente aquelas que podem ser facilmente clonadas, seja por forma artesanal ou digital.
  • Se um CD de uma banda não valer mais um centavo sequer, como os músicos vão ganhar dinheiro? Bom, primeiro eles vão ter que economizar na produção dos CDs. Não faz sentido gastar uma fortuna numa produção de um CD que não gera renda direta. Sem tanta produção, as músicas gravadas nos CDs vão se aproximar mais de uma apresentação ao vivo. Quem tem talento e sabe tocar/cantar de verdade vai gravar um bom CD. Quem depende de mil equipamentos de afinação de voz, ajuste de tempo e de uma trupe de técnicos para criar uma música de laboratório terá problemas sérios.
  • Depois os músicos vão fazer como os artistas de teatro e TV, jogadores de futebol, modelos e etc: vão vender coisas, expondo seus rostinhos lindos, convencendo à sua tribo que o melhor detergente é o XYZ.
  • Como se valoriza um produto que é disponível gratuitamente? Só, e somente só, pelo seu valor subjetivo. É bom? agrada? é raro? Então vale muito. Muito o que? Vale muito a pena apreciar e divulgar.
  • Vai haver uma separação natural e gradual do joio e do trigo, digo, dos artistas de verdade e da galera que tá aí pra ganhar dinheiro fácil. Sem dinheiro grosso rolando, todo esse esquema podre que empurra em nossos olhos e ouvidos o que há de pior na cultura popular tende a murchar. Acabarão os jabás, por exemplo. Gente que se garante por conta própria continuará sua jornada de sucesso. Os picaretas que precisam de playbacks para cantar voltam pra escolinha de canto.
  • Nas artes plásticas talvez ocorresse uma revolução mais radical. Um quadro do Pollock recém vendido por centenas de milhões de dólares, valeria tanto quanto o quadro pintado pelo Macaco Tião. Ou menos, afinal o macaco joga os baldes na tela com mais desenvoltura.
  • Do que as gravadoras vão viver? Como é que os advogados que cuidam dos direitos autorais vão se sustentar? O que vai acontecer com as lojas de CDs e locadoras de filmes? Não sei. O que acontece quando uma profissão acaba? Parte-se para outra! Eles não foram tão competentes para criar essa enorme rede comercial sustentada pela cultura mundial? Usem suas criatividades para criarem outras frentes de negócio.
  • E para nós, simples terrestres? Daríamos mais um passo (bem largo) em direção ao paraíso. Você já pensou em ter toda a coleção dos artistas que você mais gosta? Você já pensou que, além desse grupinho de bandinhas de música que vc já conhece e filminhos que a Globo passa na TV, existe um mundo inteiro de cultura; que acervos de raridades, que antigamente custavam caríssimo, agora estarão ao seu dispor? É mais ou menos isso que a internet está implementando com seus sites e softwares de Peer-to-Peer, independentemente dos esperneios dos caras das gravadoras ou dos conceitos antiquados de toda uma sociedade que ainda não entendeu o potencial de melhoria de vida que está por vir.
  • Por vir, é força de expressão. Já está aí para quem quiser, para quem não tiver problemas de consciência com a tal da maldita "pirataria" que é crime, quase pecado capital, segundo uma maioria de opiniões que aparecem no Opinião e Notícia.
  • O Peer-to-Peer já está aí e vai aumentar proporcionalmente à popularização da internet, que tem muito o que crescer ainda. Posso arriscar que num prazo de 5 a 10 anos haverá tanta gente trocando mídias pela internet, que a própria sociedade terá que rever os seus conceitos e propor novas soluções, dentro da nova realidade que está aí e que não há retrocesso.

30.10.06

Esqueci de votar


Esqueci mesmo, não foi má vontade. Juro. Aliás, não fui só eu. Leticia também esqueceu. Mas pelo menos ela lembrou. Tarde demais, já passavam das 17h e estávamos longe da urna mais próxima. Mas eu ignorei totalmente. Desde o primeiro minuto em que acordei até a hora que a Let me lembrou, eu simplesmente não pensei em política, candidatos, votação, eleição. E como foi bom!
Não, eu não me arrependo. Pra falar a verdade, e a Leticia tava no carro junto comigo pra confirmar, eu soltei uma das minhas mais sinceras risadas quando percebi que tínhamos perdido a hora da votação. Adorei! A amnésia eleitoral foi uma resposta espontânea, vinda do fundo do coração, a essa obrigação ridícula que é votar.
O voto obrigatório é um atentado à liberdade individual. É o totalitarismo aplicado à democracia. E aqui no Brasil, existe para alimentar a enorme marmelada que é o nosso processo eleitoral. Obriga o pobre coitado, que mal sabe assinar o nome, a eleger para governantes pessoas que não conhece e não confia.
Uma coisa eu tenho que concordar: a campanha de marketing pró-eleição funciona muito bem. Gente esclarecida, que eu prezo bastante, está empenhada em difundir a utopia que é com a eleição que o povo brasileiro tem a chance de melhorar o país. Eu acredito tanto nisso como em discos voadores.
A teoria até que é válida, mas a esculhambação típica brasileira permite que partidos que se dizem oponentes num dia aparecem na semana seguinte como aliados, e políticos canhotos virem destros de uma hora para outra. Não existe fidelidade partidária, então não existem partidos. Os princípios e filosofias que faziam um partido ser diferente do outro foram deixados de lado faz tempo. O nosso país "multipartidário" na verdade só tem um partido, PPLB - Partido dos Políticos Locupletantes Brasileiros.
Para que votar se a chapa é única?

Um é a favor das privatizações e o outro é contra? Mentira! Político nenhum é contra ou a favor de nada, muito pelo contrário. Um garantiu a reeleição criando um enorme curral eleitoral alimentado com o bolsa-família e o outro largou de qualquer jeito o governo de São Paulo durante numa guerra civil entre polícia e PCC para tentar uma candidatura que sabidamente era para perder? Inverdades! Político nenhum é reponsável por essas maquiavelices eleitoreiras. Eles contratam gente especializada para isso. A dança das cadeiras do governo brasileiro já está combinada para as próximas 3 ou 4 eleições. O Lula se reelege assim como se reelegeu FHC. Na próxima, Lula tira férias, o Serra se candidata, ganha, e depois se reelege. Aí volta a vez do Lula ou algum pupilo dele.

O barbudo teve que queimar vários ministros para se manter acima de qualquer suspeita no mar de escândalos de corrupção que o seu governo se transformou, e o partido do xuxu tucano esteve no poder recentemente e ainda não conseguiu abafar todas as acusações das maracutaias daquela época? Verdade! Infelizmente todas as acusações são verdadeiras, todos eles roubaram. Dinheiro, dignidade, esperança, moral, ética, alimento, educação, hospitais, pontes, felicidade, paz. Fomos roubados em todos esses quesitos. Eles nos roubaram. E eles nos obrigam a votar neles.

Menken, esse cara sabe das coisas. Ele fala que "Democracia é a arte de governar o zoológico de dentro da jaula dos macacos". Sendo assim, o melhor é esquecer mesmo.

11.9.06

Fotos Pre-Históricas


Agulhas Negras, inverno de 199... amigos, por favor, confirmem a data.



Reparem no ponto logo acima da cabeça do Dududson. Vamos ampliá-lo:


Ele estava sendo atacado por um alien e não percebeu.



Fotos Pre-Históricas


Festa de 30 anos - 1997








Fotos Pre-Históricas (2)


1998 - Penedo e Bocaina












Fotos Pré-Históricas (1)
Seguem abaixo algumas fotos que eu achei esquecidas no armário.
1990 - Araras, São João Nepomuceno e Agulhas Negras







5.9.06

Hora do Recreio


Vocês se lembram daquela revista para crianças, chamada Recreio? Na minha época ela tinha umas historinhas legais e muitos desenhos para colorir, dobraduras de papel e muitas outras brincadeiras. Atualmente a revista Recreio tem como carro-chefe a historinha "Totem - o duelo final" onde um bando de malvados pretende destruir o planeta e só não consegue porque os mocinhos são ainda mais violentos e soltam uma saraivada de raios, explosões e pancadaria para vencer o mal.
É com esse tipo de educação infantil que a gente quer acabar com a violência? Tamos perdidos.

2.8.06

Fractal do Mês

Não é de minha autoria, infelizmente. É um dos exemplos do Chaoscope.
Pensamento da semana
Pessoas normais conseguem enganar pouca gente por muito tempo, ou muita gente por pouco tempo.
Políticos conseguem enganar muita gente durante muito tempo.

22.4.06

manda quem pode, assiste quem não tem juizo


tá lá no blog no meu amigo perrone...

A TVCA pegou caro
A medida judicial que resultou no atraso da exibição da novela das oito (Belíssima), em todo o estado de Mato Grosso, custou caro para a TV Centro América, afiliada a Globo. A novela acabou entrando no horário do futebol, e com isso o torcedor viu apenas o segundo tempo do jogo São Paulo e Cienciano. O primeiro tempo foi literalmente "engolido" pela novela. Enquanto isso, a Record mostrou os dois tempos do jogo entre Santos e Brasiliense pela Copa do Brasil


Essa palhaçada durou uma semana. Por ordem de um juiz, a TV Centro-América teve que atrasar em uma hora a apresentação da novela "Belíssima". Isso por causa do nosso fuso horário, que faz a novela passar aqui às 20h enquanto ela é "permitida" somente para às 21h. As criancinhas não podem ver Belíssima. O prejuízo foi enorme, a TV Centro América deve ter tido suas piores audiências em horário nobre desde a sua inauguração, porque ficou passando programas sobre ecologia e natureza para encher linguiça, até chegar a hora certa da novela. Programas ao vivo que passam depois da novela foram cortados pela metade, um horror.

Graças a Deus o poder econômico fala mais alto que ordens de juízes. A Globo não iria amargar mais uma semana de prejuizos, principalmente num horário nobre, ainda mais na quarta feira, que é dia santo de futebol ao vivo. Dito e feito. Na quarta feira seguinte, sem grandes alardes, a programação voltou ao normal e o futebol transcorreu normalmente.

Enquanto isso, na outra novela...

Na época da campanha do desarmamento, plebiscito que depois virou referendo, e gente entregando armas velhas nas delegacias pra conseguir um trocado, a Globo resolveu lançar uma novela chamada Bang Bang. Eu achei o cúmulo, mas os argumentos de que seria uma novela engraçada, baseada nos filmes de faroeste, disfarçaram a enorme exposição de armas, tiroteios e violências que se seguiriam.
Eu não vi a novela. Passava pela sala e de vez em quando via a Leticia assistindo, e às vezes parava uns 5 minutos pra ver e poder ter assunto para falar mal dela (da novela, não da Leticia) depois. A Isabel adora a musiquinha e o desenho animado da apresentação.
Mesmo assim, de relance, eu vi uns trocentos tiroteios, gente sendo enforcada, uma tremenda apologia ao uso de armas e, nesses capítulos finais, tive o desprazer de assistir a uma chacina à queima-roupa onde num só take da novela morreram uns 15, entre atores e figurantes. Curiosamente ninguém sangrou.
Eu não vou perguntar porque eu sei que eles não vão me responder, mas eu gostaria de escrever para a produção da novela, agora que ela acabou, e perguntar, assim no total, quantos morreram de morte brutal? quantos foram torturados? Quantos tiros foram desferidos?

Vigário Geral é um paraíso comparado a Albuquerque, mas Bang Bang pode passar em horário de criança estar na sala. Belíssima, que já está pela metade e até agora só morreram uns 2 ou 3 personagens, durante uma semana inteira, por ordem de um juiz muito zeloso com a moral e os bons costumes, foi empurrada para depois das 21h. Imagine se a moda pega no Acre, que tem 2 horas de fuso!

18.4.06

Ilana Yahav
Conheçam essa artista. Impressionante a mídia que ela escolheu para trabalhar sua vocação artística.
http://www.sandfantasy.com/videoclips/videoclips.htm

jacarés e naves espaciais


Achei engraçada a reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, sobre o centro cultural recém criado em homenagem ao Tom Jobim, mostrando um caderno de Tom bem criança, com um desenho tosco de um jacaré. Comentário da reporter: "com esses desenhos desde já demonstrava sua forte ligação com a Natureza..." Putz! Até o George Bush, quando criança, desenhou um jacaré! Desde quando isso é sinal de apego com natureza! O mesmo aconteceu com a reportagem sobre o astronauta brasileiro. Foram buscar nos cadernos de pré-primário dele alguns desenhos de aviões e foguetes para demonstrar sua vocação inata. Até as crianças da Etiópia desenham aviões e foguetes. Isso não é reportagem, é apelação.

13.4.06

Igreja sugere boicote ao "O Código da Vinci"


A recomendação partiu do presidente da CNBB, que alega que "a obra, no seu gênero fantasioso, apresenta uma imagem profundamente distorcida de Jesus Cristo, que está em contraste com as pesquisas e afirmações de estudiosos de diversas áreas das ciências humanas, da teologia e dos estudos bíblicos, ao longo de 2.000 anos de história do cristianismo".

Mais uma vez os padres perderam uma ótima chance de ficarem calados, ou ao contrário, aproveitaram uma ótima chance de falar uma besteira qualquer para aparecer na mídia. Seja como for, atualmente qualquer manifestação de desagrado e/ou pedido de boicote a uma obra artística (filme, quadro, programa de TV, etc) resulta no efeito oposto: todos correm para conferir a polêmica. Os produtores do filme devem estar adorado a manifestação de da CNBB. Se o Vaticano se meter, então, aí será a glória.

É bom reparar também que as tais "pesquisas e afirmações de estudiosos de diversas áreas das ciências humanas, teologia e estudos bíblicos" não passam de balela religiosa. Teologia não é ciência. Da mesma forma que o "código de da Vinci" pode ser chamado de história fantasiosa, a Bíblia inteira também pode, talvez até com mais convicção.

Ninguém precisa atacar os dogmas das religiões: Eles são tão absurdos e obsoletos que, por si próprios, cavam suas tumbas.

23.3.06

a Dança da Pizza


Clique aqui pra ver uma cena dantesca apresentada pelo Blog no Noblat. Parabéns a ele, e obrigado ao Daniel que me passou essa pérola por email.
Vale a pena ser divulgada para todo o mundo, junto com o texto do jornalista, que segue resumido abaixo.


... Ela deixou o lugar onde estava sentada nas primeiras fileiras à esquerda do plenário e saiu dançando para manifestar sua alegria com a absolvição do colega de partido. Angela (...) tem se notabilizado por tentar livrar a cara dos seus colegas do PT denunciados (...) Sempre pede vistas dos processos para retardar sua tramitação. E vota pela absolvição de todos. A dança de Angela em plenário dá uma medida da absoluta falta de vergonha que contaminou a Câmara dos Deputados. Dos 19 mensaleiros apontados pelas CPIs dos Correios e da Compra de Votos, 11 escaparam da condenação - 4 porque renunciaram e poderão ser candidatos este ano, 7 porque foram absolvidos. Estes são tempos de deplorável frouxidão moral e de degradação dos costumes políticos do país.

3.2.06

Charges pra quem merece!
Sobre essa confusão das charges que alguns jornais europeus estão publicando com imagens de Maomé.

Os muculmanos aproveitam qualquer ocasião para aparecerem aos olhos da mídia como pobres-coitados injustiçados e oprimidos e ridicularizados no ocidente.
Quem disse que eles são santos? não chamam nossos governantes e profetas de criminosos e hereges? Não desenham suas charges nos ridicularizando também? Não matam inocentes da própria e de outras etnias? Não praticam violências extremas até com suas próprias esposas, tudo em nome de Alah? Quem se presta ao ridículo tem que aguentar as consequências. Não querem aparecer nas charges dos jornais ocidentais? basta pararem de agir como se estivesse vivendo há dois milênios atrás.

8.1.06

Puxa, meu amor, não comprei presente pra você. É o seu aniversário daqui a 5 minutos, e dessa vez não consegui resolver o problema ‘comprar um presente’ que me atormenta em cada aniversário seu. Bem que eu tentei, naquela ida ao shopping... você viu que eu entrei na loja de sapatos com você, a vendedora chegou equilibrando várias caixas com umas sandálias cafonérrimas e nada deu certo.

Mas que coisa mais sem inspiração essa de dar um sapatinho de presente, que marido é esse que se preocupa mais com o problema do que com a homenagem? Quando eu pensei por esse lado, desencanei: Aí, quer saber? Não vou ficar gastando dinheiro em presentes caros, ficar batendo perna e acabar comprando uma inutilidade qualquer, como um homem tolo como eu costuma fazer. Vou homenageá-la de um jeito diferente, escrevendo para ela, abrindo meu amor para ela de uma forma que ela ainda não viu.

E, já que estamos em tempos de globalização, vou publicar essa homenagem no meu blog. Assim, tudo mundo, em qualquer lugar em que houver um Google para procurar por nossos nomes, vai encontrar essa página, e vai saber que nossos corações e mentes estão unidos de uma forma que eu não acreditava que poderia existir fora das histórias de ficção românticas.

Alguém aí no povão já amou tanto uma pessoa que ela ainda povoa seus sonhos eróticos mesmo depois de casada com você? Pois é, é assim comigo. Sabe quando a soma das afinidades e a média das desafinidades dá noves-fora zero, e a convivência fica assim, tranqüila como uma brisa? É assim com a gente! Sabe aquela vontade de voltar pra casa pra ficar perto dela, para dormir abraçados, para não fazer nada juntos e mesmo assim não ficar entediante?

Agora imagina um amor que está no seu imaginário, durante anos, flutuando, se formando aos poucos, se transformando num ideal de pessoa, corpo e espírito que você sabe que, no dia que a encontrar, vai dizer sem pestanejar “Eu te amo! Eu tenho te esperado desde que nasci!”... Esse conto de fadas existe, e aconteceu comigo, e você é a minha princesa encantada nessa história.

E quem disse que a vida é feita de ilusões e encantamentos? O amor é lindo, o nosso amor então é maravilhoso, mas a vida é dura e vamos tocá-la pra frente, juntos? E assim fomos, de mala e cuia, desbravamos, decidimos fincar nossas raízes em terra “desconhecida” e nos apoiamos e nos consolamos e nos beijamos por telefone interurbano até conseguir nos instalarmos, ganharmos nosso espaço, nos estabelecermos profissionalmente e, enfim, constituir um lar perfeito, com direito a jardim, piscina, cachorro e agora, mais recentemente, uma filha, que serviu para abrir uma gaveta de emoções que há muito estavam trancadas no meu coração.

E assim passaram-se esses poucos anos, desde que te conheço, ou que te amo, ou não faz diferença, porque te amei e nunca mais te larguei depois que te conheci, e hoje te amo de um jeito que, cada vez que eu acordo de manhã e dou de cara com você, parece que eu ainda estou sonhando um sonho bom.

Tá bom. Para o público, basta isso. Para você tem muito mais, mas eu sou reservado e ciumento e não vou expor nossas intimidades para o povaréu. O resto eu te conto baixinho, atrás do ouvido.

Eu te amo, delícia. E Feliz Aniversário!!! Obrigado por existir e estar do meu lado.
8/1/2006

5.1.06

Pirataria ou nova ordem mundial?

Não sei de onde veio essa tendência, certamente não foi dos sólidos pilares da minha tradicional família carioca; mas o fato é que eu sou um anarquista. Dos calmos, mas sou. Sempre quis ver o circo pegar fogo. Talvez seja algum trauma de infância, não sei nem quero entrar nos detalhes sórdidos da mente humana. Mas, sempre que eu puder atiçar a fogueira, assim farei com um sorriso diabólico no canto da boca.

Dessa vez vou jogar meu balde de polêmicas no ventilador dos chamados “direitos autorais” e tentar tirar o véu que esconde a falsa moral dessa “guerra contra pirataria” da qual tanto se fala, tanto aparece na televisão... chineses vendendo (falando em chinês!) bugigangas na praia de Ipanema, rolos compressores destruindo CDs, policiais descendo a mão em camelôs esquálidos, gravadoras e músicos anunciando o apocalipse, e, aparentemente alheio a isso tudo, o povão continuando a comprar artigos piratas às toneladas. Até o presidente, legítimo representante do povão, foi flagrado com DVD pirata.

A inspiração para escrever veio quando eu li uma entrevista de um cartola da pirataria, cujo nome eu vou poupar do vexame, que em um dos trechos dizia:

“Mais do que as apreensões, a maior vitória foi difundir a idéia de que a pirataria não é uma alternativa: as pessoas podem até comprar produto pirata, mas já sabem que é crime.”

Tá bom. Crime. Nesse país e nessa época em que estamos vivendo, é complicado definir o que é crime e o que não é. De qualquer forma ele esqueceu de dizer que pagar R$40 por um CD também não é alternativa, porque o povão não tem esse dinheiro, e mesmo que tivesse não gastaria em CD. Ele também não levou em conta que, em vez de pagar Quarentão num CD e ver esse dinheiro se dissipar entre vários cartolas, associações, sindicatos, gravadoras, advogados e outros atravessadores, até chegar um caraminguá no bolso do músico, que aliás é podre de rico, é muito mais lógico para o povão comprar o mesmo CD por Dezão, ali no camelô, que por acaso é primo dele, e que vai receber uma comissão maneira se vender bem, e fica ali tudo resolvido entre eles, sem contribuir para o caviar dos bacanas.

Quando surgiram os primeiros DVDs, eu, interessado que sou em multimidia, logo peguei o livro que define os padrões usados nessa nova mídia. Esse entusiasmo até me valeu um emprego numa produtora de vídeo, onde eu me aprofundei mais nessa ciência.
Foi aí que eu aprendi não somente a técnica, mas também o funcionamento de um sistema muito maior que a máquina de tocar DVDs.

Naquela época já se falava muito em pirataria de CDs. A RIAA, uma associação da indústria fonográfica e músicos americanos, havia conseguido fechar um site que promovia a troca de músicas em MP3, o saudoso Napster. Para desespero da RIAA, bastou o Napster fechar para 12 outros sites abrirem no seu lugar, desta vez fora da jurisdição dos EUA.

Com esse alvoroço, e mais o barateamento das conexões de internet de banda larga, a chamada “pirataria de MP3” tomou proporções mundiais. Eu perdi a conta de quantos softwares e sites de troca-troca de MP3 existem. Os americanos, por conta de seus advogados vorazes por justiça e milhões de multas, tiveram que inventar umas soluções que não são gratuitas, que só na teoria funcionam. O resto do mundo permanece alheio às esperneadas da RIAA.

Com os MP3 e CDs piratas proliferando como bactérias sem antibiótico, os cartolas perceberam que com os DVDs a coisa ia ficar séria, pois os filmes de Hollywood, aqueles caríssimos e que os americanos morrem de ciúmes, fatalmente iriam cair na rede dos piratas.

Grandes causas como essa promovem grandes associações: Fez-se então um grande lobby, um “acordão” para usar os termos políticos mais atuais, entre as produtoras de filmes, seus respectivos sindicatos e associações com os fabricantes de DVDs e DVD Players, de se adotar uma tecnologia extremamente complexa para evitar a chance de pirataria de DVDs.

Durante alguns anos, os reprodutores simplesmente não reconheciam DVDs que não fossem gravados pelas indústrias incluídas no “acordão”. Os DVDs piratas, mesmo que existissem, não poderiam ser reproduzidos. Assim foi até a hora em que começaram a aparecer no mercado os primeiros gravadores de DVDs caseiros, vendidos com a melhor das boas intenções, para os pais de família que querem gravar os vídeos dos seus filhos para a eternidade. E agora? O DVD da sala não toca a mídia que eu gravei no computador?

Em paralelo, outros conversores e compressores de vídeo, ainda melhores que o padrão MPEG utilizado pelos DVDs, apareceram na internet. Entre vários, dois com nomes parecidos: XVID e DIVX, fazem milagre mesmo num micro barato: em poucas horas convertem um filme que ocupa um DVD de 9GB e gravam num CD de 700MB. Em outras palavras, transformam os filmes de Hollywood em um arquivo que dá pra trocar pela internet.

Grandes reviravoltas como essa promovem grandes gritos de “cada um por si e Deus por todos”. Os primeiros a se retirarem de mansinho do acordão foram os fabricantes que, vendo essa multidão clamando por reprodutores de mesa que reproduzissem DVDs feitos em casa, não perderam tempo e lançaram modelos que liam VCDs produzidos por câmeras amadoras, catálogos de fotos em JPG, músicas em MP3 e outros formatos ditos “caseiros” onde a pirataria não é explícita (com exceção dos MP3, afinal música já virou bagunça mesmo...).

Logo que apareceram os vídeos piratas em DIV-X na internet, popularizados pelos programas P2P atuais como o E-mule, sem pestanejar as grandes marcas lançaram DVD Players que lêem DIV-X. Está instituída a pirataria geral e irrestrita. Os cartolas, ingênuos, que começaram essa briga inglória, devem dormir com isso na cabeça: porque eu fui me meter a remar contra a maré?

Pra terminar o raciocínio, não adianta dar cacetada em camelô, não adianta músico aparecer na TV e tentar nos convencer dessa história que o prejuízo para a indústria fonográfica vai deixá-lo morto de fome; chega de hipocrisia, chega de pensar pequeno, porque os grandes não estão nem aí para a ética – eles correm para o lado que está a grana e o prestígio apenas, e usam e abusam da tecnologia para cercear nossos movimentos. Mas volta e meia essa mesma tecnologia ultrapassa as grades de contenção e o povão passa a utilizá-la em seu proveito. É o caso da internet, que está, ao seu modo, acabando com todos esses conceitos ultrapassados de diretos autorais e proporcionando à humanidade a possibilidade aprender, ver e ouvir virtualmente tudo o que existe de belo na natureza e também umas poucas coisas belas que o homem soube fazer: pinturas, músicas e filmes. Para os autores que estão morrendo de medo de terem seus produtos intelectuais roubados, só posso recomendar que usem sua genialidade para descobrirem outras soluções, outros conceitos, porque o sistema já era.